Ameaçar fazer autogolo ou romper os próprios ligamentos: na hora de forçar saídas, os jogadores costumam ser muito criativos

Esta época de transferências está a ser atípica, dado o elevado número de jogadores que forçaram ou estão a forçar uma transferência para outros emblemas.

Viktor Gyokeres recusou-se a comparecer aos trabalhos do Sporting no regresso dos Leões para forçar o clube português a chegar a um acordo com o Arsenal, algo que veio a acontecer.

De não comparecer aos treinos à ameaça com… parentalidade

Gyokeres parece ter feito escola já que Alexander Isak também está a fazer o mesmo com o Newcastle, na sua tentativa de forçar os ‘magpies’ a aceitar propostas do Liverpool. Mas o Newcastle mantém-se intransigente e o jogador treina à parte do grupo. Yoane Wissa também está a fazer o mesmo: quer que o Brentford aceite negocia-lo com o Newcastle.

Ademola Lookman fez o mesmo na Atalanta, na tentativa se mudar para o Inter Milão: os milaneses desistiram do negócio porque não chegaram a acordo com o emblema de Bérgamo e agora o avançado nigeriano está em apuros: está afastado da equipa e sem perspectivas de futuro.

Mas o caso mais curioso chega-nos de Espanha. Juan Cruz, extremo do Leganés, quer sair do clube que caiu para a segunda liga espanhola no final da época passada, numa altura em que se fala de interessados em Portugal, mas também na La Liga. E, para forçar o clube a aceitar negocia-lo, ameaça pedir uma licença de paternidade, ele que será pai brevemente.  O Alavés e o Rayo Vallecano ofereceram 5 ME por 60 por cento do passe que o Leganés detém, o seu clube quer 10 ME.

A ameaça do extremo de 25 anos foi o mote para o jornal ‘Marca’ compilar alguns casos de jogadores que tudo fizeram para sair dos clubes onde estavam.

Romário com saudades da praia do Rio

No verão de 1994, após conquistar o Mundial da FIFA nos EUA com o Brasil, Romário sentiu saudades do Rio de Janeiro. Vai daí, acrescentou três semanas às suas férias, além do estipulado, não voltou aos trabalhos no Barcelona. O avançado alegou saudades “da praia do Brasil”. Tudo para poder ir para o Flamengo. Ingressaria no Mengão apenas em janeiro de 2025.

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O prolongar das férias é um clássico e já foi utilizado por muitos jogadores na tentativa de sair para outros destinos, assim como a recusa em viajar para estágio. Foi o que fez Diego Costa no Chelsea, quando soube que o Atlético Madrid estava interessado no seu regresso. Ousmane Dembélé também fez o mesmo quando estava no Borussia Dortmund e soube do interesse do Barcelona. Tal como fez Gareth Bale e Luka Modric ambos no Tottenham, quando apareceu o nome do Real Madrid na lista de interessados.

Quando as férias prolongadas ou a recusa de ir para estágio é pouco, há quem tente ser arrojado. Foi o que fez Claude Makelelé, quando o Real Madrid mostrou interesse nos seus serviços. O médio defensivo francês queria deixar o Celta de Vigo a todo o custo que apedrejou o próprio carro. Objetivo: culpar os adeptos do Celta para mostrar que não tinha condições em continuar. E, para que tudo parecesse real, o jogador e o seu agente chegaram mesmo a apresentar uma queixa na esquadra.

Ameaças de fazer autogolo… ou romper os ligamentos

William Gallas foi mais longe quando quis trocar o Chelsea pelo Arsenal devido aos seus problemas com José Mourinho. Na altura, segundo a imprensa inglesa, terá mesmo ameaçado marcar autogolos. Ganharia a batalha, semanas depois, e trocaria os ‘Blues’ pelos ‘Gunners’, mas negaria a intenção de fazer golos na própria baliza.

Está mais do que visto que o mercado consegue dar cabo da cabeça dos jogadores. Há clubes que são difíceis de rejeitar, quer pelo prestígio, quer pela ligação que os atletas têm com os mesmos. Uma época e meia depois de Dimitri Payet ter trocado o Marselha pelo West Ham, as saudades apertaram e o francês quis voltar à casa. Mas como convencer os ‘hammers’ que tinham investido 15 milhões de euros no seu passe ainda há pouco tempo? “Se não me venderem, rompo os ligamentos cruzados de propósito. Tenho direito a escolher o meu futuro”, atirou, na altura.

Não foi preciso romper nenhum ligamento até porque o Marselha teve de abrir os cordões à bolsa e pagar 29,3 milhões de euros aos ingleses para voltar a ter Payet. Deve ter compensado o investimento porque ficaria seis épocas seguidas no clube, a juntar aos dois primeiros anos.

O clima, a língua, a comida… tudo serve na hora de forçar a saída

Na hora de ‘ajudar’ os dirigentes na decisão, tudo serve. Até o clima. Quando o Newcastle mostrou interesse em Faustino Asprilla, o colombiano do Parma lembrou-se que em Itália “estava demasiado frio”, para justificar o desejo de sair. Ora, a cidade de Newcastle no Norte de Inglaterra não é propriamente conhecida pelas suas temperaturas amenas…

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Do clima à língua. Quando Theodoro Fonseca apresentou a Hulk os números da proposta chinesa para o Shanghai SIPG, o antigo avançado do FC Porto perdeu a cabeça. Mas como iria convencer o Zenit a vende-lo, depois de o clube russo ter pago 40 milhões aos Dragões pelo seu passe? Questionado sobre os motivos da saída, respondeu: “Assim os meus filhos aprenderão chinês”. Ao menos o Zenit recebeu 56 milhões de euros pela transferência.

Foi também a língua a desculpa utilizada por Carlos Tévez para deixar o Manchester City em 2011 e rumar a Juventus. Em conflito com o clube, o avançado argentino deixou claro que queria sair por “não entender a língua” inglesa. Estava em Inglaterra há cinco anos, quando foi contratado pelo West Ham junto do Corinthians, em 2006. Além disso, alegou que não gostava da comida britânica. Ok, aqui, tudo bem. Nem toda a gente gosta.

O mercado fecha no dia 01 de setembro nas principais ligas e, até lá, é bem provável que aparece mais um jogador a forçar a saída. Resta saber que estratégia irá utilizar. Se o clássico, ‘então não treino’, se algo mais arrojado, como ameaças de marcar na própria baliza ou partir uma perna.

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