Há quem diga que a corrida é o desporto mais democrático do mundo: basta um par de sapatilhas e força de vontade. O que começa, muitas vezes, como uma simples tentativa de “ganhar forma” rapidamente se transforma em rotina, depois em paixão — e, para alguns, no sonho (e concretização) de correr uma maratona.
O primeiro passo é o mais difícil
Marta Oliveira, 36 anos, admite que há cinco anos não conseguia correr dois quilómetros sem parar. “O meu estilo de vida era totalmente sedentário. Trabalhava horas infinitas em frente ao computador e sentia-me constantemente cansada. Um dia, decidi experimentar correr à volta do quarteirão. Custou imenso, mas voltei no dia seguinte. Hoje já completei duas meias-maratonas e preparo-me para a minha primeira maratona”, conta.
Corpo mais forte, mente mais leve
Os benefícios da corrida não se ficam pelo físico. “A corrida é uma ferramenta poderosa de regulação emocional”, sublinha João Mendes, psicólogo do desporto. “Os praticantes reportam menor stress, maior autoconfiança e uma clara melhoria do humor. Correr ajuda a criar disciplina e um sentido de conquista pessoal que se transfere para outras áreas da vida.”
Comunidade que motiva
Outro fator determinante é a dimensão social. Cada vez mais grupos de corrida urbanos organizam treinos semanais, em que corredores experientes e iniciantes partilham quilómetros e histórias. “Quando corres em grupo, há sempre alguém que te puxa quando queres desistir. A corrida deixou de ser solitária e tornou-se num momento de convívio e motivação”, explica Carlos Duarte, fundador de um grupo de running no Porto.
O desafio da maratona
Chegar à maratona é, para muitos, o auge desta transformação. “Não é só o corpo que se prepara, é a mente. Aprendes a lidar com a dor, com o desconforto e com a resiliência necessária para não desistir. Cruzar a meta depois de 42 quilómetros é uma sensação indescritível”, diz Marta.
Mais do que números no cronómetro, estas histórias mostram que a corrida é um estilo de vida que vai muito além do exercício físico. Para uns é fuga, para outros é terapia, mas para todos é prova de que o impossível pode mesmo estar apenas a uns passos de distância.
