Mohammed Rashid lembra conflito em Gaza e questiona líderes mundiais: “Como é que ninguém controla Israel? Queria ver se fosse ao contrário…”

Mohammed Rashid, jogador da seleção da Palestina, falou sobre o conflito existente e Gaza e questiona os esforços internacionais quanto a esta temática.

Apesar de estar a jogar na Índia, no East Bengal, o jogador garantiu que vê tudo no final do dia e assegura que o “pesadelo” não é para quem vê, mas para quem está em Gaza.

“O pesadelo não é para mim. Eu vejo tudo, no final de cada dia, mas estou fora da Palestina. Limito-me a jogar, a cumprir a minha profissão. O real terror acontece para quem está em Gaza. São essas pessoas que levo no coração, na minha alma e na minha cabeça”, disse, citado pelo jornal ‘O Jogo’.

O atleta fala em “máxima desumanidade” e questiona os vários líderes internacionais, bem como a incapacidade de conseguirem lidar com Israel.

“Como não pressionam, não há um país que o faça cabalmente, um primeiro-ministro que se imponha? Como ninguém controla Israel? Queria ver se fosse ao contrário…”, acrescentou.

Quando questionado sobre o sentimento que leva para dentro de campo, Mohammed Rashid garantiu que todos os jogadores palestinianos sentem “raiva” e jogam pelo povo.

“Jogo pelo meu povo e vou ao limite, vamos todos, para que se possa alertar para algo e deixar as pessoas em Gaza mais felizes. Mesmo diante de bombas, fome, falta de água, sabemos que há alguém que faz tudo para ver a Palestina jogar, há famílias que o conseguem fazer. Temos de ir ao limite por eles, morrer em campo!”

Os acontecimentos em Gaza não deixam ninguém indiferente, muito menos quem é palestiniano. Rashid admite que o início do conflito prejudicou a sua carreira, até porque “mal dormia”, mas afirma que precisou de aprender a gerir tudo mentalmente.

De seguida, o jogador do East Bengal deu a sua opinião relativamente ao papel que o futebol pode ter no conflito, dizendo que a FIFA deve atuar.

“Há algo que deve ser feito pela FIFA. Temos de ver como atuaram com a Rússia. Isso poderia pressionar mais Israel a fazer algo para mudar. A FIFA tem uma grande autoridade no mundo político, deviam fazer algo, tomar ações, pressioná-los… Não estamos a falar só do caso de Gaza e Palestina, tem também a ver como atuam com a Síria ou Yemen”, disse, citado pelo ‘O Jogo’.

Há pouco tempo, o mundo do futebol lamentou a morte de Suleiman Al-Obeid, o Pelé da Palestina. Rashid lembrou-o e refletiu sobre a forma como morreu à espera de comida.

“Tinha as suas características e era uma figura humilde e querida. Era afetuoso com todos. É horrível saber que morreu à procura de comida para a família.”

O jogador da seleção palestiniana também perdeu um dos melhores amigos em Gaza e admite que é “revoltante” que “gente que procura comida, que não tem armas e acaba por morrer, por conta dos mísseis e bomba”.

Por fim, Rashid garante que é preciso saber lidar e que tudo “são dores e prejuízos” para cada uma das pessoas, reiterando a incerteza quanto ao futuro. O jogador lembrou que não consegue esperar muito de Israel e comunidade internacional.

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