O Estádio da Luz estava cheio, o ambiente animado, as expectativas… bem, quase como num casamento em que todos sorriem, até ao momento em que o padrinho solta a piada errada.
O Benfica jogava em casa, e apesar de tudo o que se tem passado na Champions esta época, três jogos, três derrotas, zero pontos, havia quem ainda segurasse a fé e fizesse umas promessas viradas para Fátima.
No outro lado, o Bayern Leverkusen, a equipa aspirina chegava com ar tranquilo, a mudança de treinador recente (Erik ten Hag já não lidera o clube, sendo substituído por Kasper Huljmand durante a época) estava a ter alguns resultados, portanto, tudo o que levassem de Portugal além de souvenirs já era bom.
Já não era exactamente a ‘máquina imbatível’ de anos anteriores, mas ainda assim, organizada, eficiente, fria, que é basicamente a descrição de um alemão.
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Bruno Lage já era passado, o novo Mourinho encaixava a equipa numa série de peças que nem sempre se encaixam como um puzzle de 3 anos de idade. A noite prometia, mas o risco estava ali, se o Benfica não convertesse o domínio em golo cedo, o historial recente sugeria que iria sofrer e sofreu.
O jogo arrancou e, para início de conversa, o Benfica parecia determinado: posse, pressão, entrada no terreno adversário. A Luz vibrou. Os jogadores correram. Só que havia uma sensação no ar, parecida com aquela de quem vai a um espectáculo de stand-up e o comediante começa a falar de contas bancárias:, tipo, ‘ok, estamos a divertir-nos, mas onde está a punchline?’.
O Leverkusen não veio com vontade de festa. Aguardou, observou e deixou os encarnados construírem quase em modo treino. Houve dois avisos claros, bolas ao ferro, ocasiões criadas, mas nada concreto.
Lá está, o problema, em futebol, estar por cima sem marcar é como um aluno tirar 18 mas não ter nota de 20 e não chegar para o que quer. O Benfica criou, movimentou, pressionou mas, como dizem os adeptos, ‘era o barulho de quem estaciona na box, mas não arranca a moto’.
O intervalo chegou com 0-0, e a desconfiança estava em modo Agatha Christie.
Recomeçou o segundo tempo e, mais uma vez, parecia que só faltava o Benfica fazer o golo. O futebol mordaz como uma piada de tio-zé traz surpresas.
Aos 65 minutos, o momento decisivo do jogo. O Leverkusen ataca, há um remate ou cruzamento, deflexão aqui, ressalto ali e então o lateral do Benfica, Samuel Dahl, faz o alivio que mais parecia o ‘tira-teimas’ de quem limpa a casa de domingo antes da visita. Dahl cabeceia para trás, entrega a bola a Patrik Schick, que não tarda a facturar. 0-1 para o Leverkusen.
O estádio ficou em choque. O treinador reagiu, fez substituições rápidas, Dahl saiu, a bancada murmurou, mas estava instaurado o caos silencioso. O Benfica jogava de frente para o adversário certo, mas de costas para a realidade.
Nos últimos minutos, o Benfica ainda tentou. Remate aqui, cruzamento ali, vontade imensa. Mas o golinho que safava o dia não apareceu. A Luz transformou-se em procissão de olhares pelo relógio. O adversário? Administrou o resultado como quem gere conta bancária antiga, com muita calma, sem histeria.
Terminou 0-1 e muita aspirina para ser distribuída. Um resultado curto, mas suficiente para afundar mais uma esperança. Quatro jogos, quatro derrotas, zero pontos. Um número decorativo que dói como um post da Parrachita.
No fim, o resultado não surpreende quem já viu este filme várias vezes. O Benfica teve momento de domínio, criou, esforçou-se, mas não matou o jogo e consentiu o erro que lhe deu a facada.
Talvez o mais grave não seja perder que faz parte do futebol, é mais a forma como se perde, por displicência, por falta de concentração, por habituação à derrota. O Leverkusen mostrou maturidade, e o Benfica mostrou que deixa vencer jogos por descuido habitual.
O erro de Dahl será lembrado como o clip-meme da noite tipo um, ‘quando limpaste tudo e deixaste a borracha em cima da mesa’. Só que o problema é mais vasto do que isso. A equipa parece partida entre duas formas de jogar, uma ofensiva, ambiciosa, e outra defensiva, nervosa.
Resultado? Os zero pontos. O Benfica em quatro jogos conseguiu os mesmos pontos na Liga dos Campeões do que eu, que estou no sofá a comer pizza e a beber Coca cola.
O apuramento para os playoffs não passam neste momento de uma miragem ou um sonho molhado que alguns benfiquistas ainda terão.
Hoje é dia de Liga Europa com o Sporting de Braga e o FC Porto em ação. Esperam-se bons resultados, até porque o ranking não perdoa e já começa a ficar esfomeado.
Viva o futebol!
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