Um repórter da CMTV, que acompanhou em trabalho a Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023, relatou hoje ter sido intimidado pelo arguido Vítor ‘Catão’ junto ao Estádio do Dragão, no âmbito da Operação Pretoriano.
Na 11.ª sessão do julgamento, no Tribunal de São João Novo, no Porto, o operador de câmara declarou que, logo à sua chegada, no final da tarde, ‘Catão’ interpelou-o, num tom que considerou ameaçador, para que abandonasse o local.
“Saí do carro, quando ouvi Vítor ‘Catão’ a dirigir-se aos berros, a dizer para nós sairmos dali, que não estaríamos lá a fazer nada. Havia dois elementos dos Super Dragões atrás dele, a tentar acalmá-lo”, testemunhou, lembrando a existência de um áudio no qual são explícitas ameaças à integridade física que este lhe terá dirigido.
Em concordância com o que tem sido sua prática desde o início do julgamento, o conhecido adepto portista assumiu os factos que lhe foram imputados e, no final da inquirição, apresentou um pedido de desculpas à testemunha, estendendo-o a todos os presentes no Tribunal.
Depois de se ver forçada a sair do local, a equipa do canal televisivo acabaria por retornar para uma zona onde estavam presentes jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social, quando terá sido novamente abordada, de forma agressiva, por “três jovens”, antes de decidir abandonar em definitivo.
Ainda durante a parte da manhã, dois associados do FC Porto declararam ter presenciado um clima de medo no interior do pavilhão Dragão Arena, no decurso da AG, tendo um deles descrito uma situação em que uma família na sua proximidade – composta por um casal e um filho – terá sido fisicamente agredida.
De resto, Vítor ‘Catão’ e Fernando Madureira foram visados como pertencentes a grupos que terão insultado e coagido aglomerados de adeptos que não se manifestavam a favor do então presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa.
Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.
Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.
Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.