Julgamento por morte de Maradona pode ser suspenso após escândalo por vídeo de juíza

O futuro do julgamento pela morte de Diego Maradona será definido, esta terça-feira, após a divulgação de um escândalo na Argentina devido a uma produção audiovisual protagonizada por uma das juízas que deu sem o conhecimento das partes e do restante do tribunal. A magistrada agora é apelidada “A juíza de Deus”.

Julieta Makintach está no centro das atenções depois que as gravações não autorizadas dentro do tribunal de San Isidro, onde se julgam as possíveis responsabilidades pela morte de Maradona em 2020, vieram à tona. O astro tinha 60 anos quando morreu.

Os vídeos foram divulgados após os advogados terem denunciado que Makintach iria participar de um documentário sobre o caso sem conhecimento das partes. O acesso das câmeras não é permitido desde a segunda audiência.

Em vários dos trechos tornados públicos, Makintach se apresenta, caminha em frente à câmera e declara: “Não me imagino fazendo outra coisa (para além de ser juíza)”. A magistrada nega que esses vídeos façam parte de um documentário.

O advogado Fernando Burlando afirmou que pedirá nesta terça-feira o seu afastamento, assim como o julgamento, o que poderia inabilitá-la como juíza.

Também adiantou que o julgamento poderia recomeçar, o que invalidaria as 20 audiências que haviam sido realizadas até terça-feira passada.

“Não atuou como juíza, atuou como atriz”, criticou Burlando na sexta-feira em declarações à Rádio local Con Vos, apontando que Makintach sempre ia ao julgamento “muito bem vestida”.

O julgamento sofreu uma reviravolta no passado dia 15 de maio quando um dos advogados de defesa mencionou que Makintach deveria ser afastada por parcialidade – apontando sua veemência ao interrogar testemunhas – e por suspeitar que havia participado da realização de um documentário, algo que havia sido alvo de rumores entre as partes desde o início das audiências no dia 11 de março.

O pedido de afastamento, e que foi objeto de recurso, foi seguido de outros dois pedidos, também dos advogados de defesa, que serão resolvidos nesta terça-feira. Uma das envolvidas nas gravações disse que as imagens fazem parte de uma “entrevista” com a magistrada “no seu papel de juíza e mulher” e negou o projeto de um documentário, em nota apresentada ao Ministério Público, à qual a AFP teve acesso.

Adrián Tenca, doutor em direito penal da Universidade de Buenos Aires, disse à AFP que essa situação “é um escândalo absoluto porque os juízes penais ou os juízes em geral têm que manter antes de tudo o decoro e, segundo, serem objetivos.

Makintach “deve ser destituída num julgamento político” e o processo judicial “deve ser anulado”, opinou.

A polícia realizou buscas em seis residências na quinta-feira após a denúncia apresentada por Burlando – representante das filhas de Maradona, Dalma e Gianina – e Mario Baudry, advogado de Diego Fernando, filho mais novo do ex-jogador.

“Acredito que irá ter uma grande rejeição de todos os profissionais, porque há limites que não podem ser ultrapassados”, disse Baudry na segunda-feira em entrevista ao canal C5N.

Sete profissionais da saúde são acusados de homicídio com dolo eventual pela morte de Maradona no dia 25 de novembro de 2020 devido a um edema pulmonar enquanto se recuperava de uma cirurgia neurológica.

Caso sejam considerados culpados, a pena de prisão varia entre os 8 e 25 anos de prisão. A acusação questionou a internação domiciliar, as condições do local e os cuidados prestados. Um oitavo réu será julgado separadamente.

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