Ivan Domingues e o sonho de chegar à Fórmula 1: “Não depende só dos resultados e do talento. É preciso um país querer e acreditar”

O piloto português Ivan Domingues (Van Amersfoort Racing) regressa este fim de semana à competição no Mundial de Fórmula 3 em Spielberg (Áustria) numa altura em que luta pelo “objetivo de chegar à Fórmula 1”.

O piloto natural de Leiria, de 19 anos, compete este ano pela primeira vez neste que é um dos campeonatos de acesso ao Grande Circo e onde venceu a corrida sprint da jornada anterior, em Barcelona (Espanha), naquela que foi a quinta de 10 rondas do campeonato.

“Esta vitória significa muito para mim. Fui o primeiro português a vencer uma corrida do campeonato da FIA F3 nos últimos 12 anos. É uma coisa que ambicionava muito. Ouvir o hino no pódio foi marcante”, contou em declarações à agência Lusa.

Ivan Domingues, que começou a carreira nos karts, admite que neste campeonato de Fórmula 3, que acompanha algumas das rondas do Mundial de Fórmula 1, “o nível é muito alto”.

Na lista de inscritos encontram-se pelo menos dois apelidos conhecidos da Fórmula 1. Charlie Wurz é filho de Alexander Wurz, antigo piloto de Fórmula 1 que passou por equipas como Benetton, McLaren e Williams, entre 1997 e 2007. Já Branco Badoer é filho de Luca Badoer, que passou por equipas como a Lola, a Minardi ou a Ferrari (substituiu Felipe Massa no GP da Europa).

“Sempre corri nos campeonatos mais fortes da Europa. Este tem a particularidade de ter muito poucas voltas antes de cada qualificação. Os treinos são limitados. Isso causa dificuldades para os estreantes até compreendermos e apanharmos o jeito. No início é difícil e os resultados não aparecem”, explicou Ivan Domingues.

Mas no GP de Espanha já se verificou um cenário diferente, com uma vitória na corrida sprint e um sexto lugar na corrida principal.

Na segunda parte da época, que agora começa na Áustria, a ideia é continuar a evoluir.

“O objetivo, embora tenhamos ganho esta corrida, permanece o mesmo. Os nossos desafios e dificuldades mantêm-se. Temos de melhorar a qualificação. Uma décima pode dar 10 ou 15 posições. Quero continuar a aprender e a melhorar. Se continuarmos a fazer isso e a melhorar a cada dia logo se vê o que poderá acontecer”, disse.

Ivan Domingues não esconde que tem o sonho de dar o salto para o maior campeonato mundial do automobilismo.

“Obviamente, o objetivo é chegar à Fórmula 1. Não depende só dos resultados, da velocidade e do talento. É preciso um país querer e acreditar. É preciso grandes apoios e que o país e as marcas portuguesas também queiram, tanto para o benefício dos atletas como das marcas, até para se valorizarem”, sublinha Ivan Domingues.

O piloto leiriense sublinha que “muitos dos fundos vão para o futebol”. Mas o jovem de 19 anos entende que “para algumas marcas se valorizarem terão de investir um bocadinho fora do futebol”.

Agora segue-se mais uma prova em solo europeu, em Spielberg, na Áustria.

“Acho que vai ser uma pista em que a qualificação vai ser muito importante. Tem poucas curvas. O fim de semana não fica decidido na sexta-feira mas quase. A qualificação vai ser muito importante”, sublinha.

Uma particularidade deste campeonato é fazer corridas paralelas ao Mundial de Fórmula 1.

“É uma honra e um orgulho poder partilhar o mesmo local dos pilotos de F1. Não temos muito contacto porque temos ‘paddocks’ paralelos. De vez em quando vemos um ou outro piloto e vemos os mecânicos e engenheiros”, conta.

Os carros de Fórmula 3 têm cerca de 400 cavalos de potência, cerca de metade do que um Fórmula 1. Já os monolugares da Fórmula 2 (a categoria acima) têm os mesmos motores mas com turbo, o que lhes dá mais 200 cavalos do que um F3.

Tendo começado a competir nos karts com oito anos, Ivan Domingues tem no neerlandês Max Verstappen (Red Bull) uma das referências. Mas admite que, este ano, os McLaren são o alvo a abater no campeonato de Fórmula 1.

“Os McLaren estão muito fortes. Mas não gosto de subestimar o Max, é uma referência minha e sei quão bom ele é”, destaca.

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