Pedro Gonçalves: “Sempre quis viver o dia a dia, para não pensar nas razões pelas quais o meu pai não me pôde ver crescer”

Pedro Gonçalves, médio do Sporting foi o convidado do “Alta Definição” da SIC. O jogador abordou vários temas da sua vida pessoal e do clube leonino.

Sobre o início no desporto. “Cheguei a jogar andebol e a praticar atletismo, além do futebol. A minha mãe trabalhava no Vidago, morávamos com o meu padrasto no estádio, na casa dos roupeiros. Esperava que os jogadores chegassem e ajudava nos treinos, batendo bolas para os guarda-redes. Diziam-me que era atrevido, mas era genuíno. Por vezes, os jogadores terminavam o treino e eu ficava a jogar até o presidente ligar para a minha mãe desligar as luzes. O meu irmão acompanhava-me, ia para a baliza, fui eu que o ensinei a ser guarda-redes. Foi uma fase muito boa, porque era só diversão.”

Sobre a morte do pai: “Por vezes sou uma pessoa fria, que não dá um abraço. Mas sei que vem da infância, houve fases em que chorei sozinho. O meu pai faleceu no hospital, com uma infeção. Nunca perguntei mais. Sempre quis viver o dia a dia, para não pensar nas razões pelas quais o meu pai não me pôde ver crescer. Faz parte da vida. Não o conheci e fico triste. Sei que teve uma vida como bombeiro e que foi incrível. Muitos dizem que a minha personalidade é semelhante à dele. Falo muitas vezes com o meu pai, mas tive um padrasto que deu tudo por mim.”

Autoridade no balneário? “Sinto que sim, mas na minha cabeça não cabe isso, cabe sempre o miúdo resmungão, divertido. Tive agora cinco meses lesionado e no primeiro treino fui logo o primeiro nas filas do aquecimento. E era um silêncio… O treinador-adjunto veio ao pé de mim e disse: ‘Nunca pensei que fosse assim. Eles olham para ti como se fosses alguém mesmo importante. Andavam aqui na brincadeira, demoravam a aquecer…’ Não me sinto assim tão importante no grupo para dizerem isso, mas fico contente por olharem para mim e saberem que está aqui alguém que não nasceu um líder mas que se está a tornar um líder.”

Lições que bebeu do futebol: “Ensinou-me a saber ganhar, não é por ganhar que tenho de ser mais do que os outros. Ensinou-me a ajudar, a ter fair-play. Talvez seja pica-miolos, mas nunca perdi o fair-play, se um jogador estiver no chão e a sentir-se mal sou o primeiro a querer ajudar. E a ter ligações e amizades genuínas e em quem podemos confiar.”

Relação com Ruben Amorim: “Ao Rúben dizia umas coisas… “Dizia umas brincadeiras, talvez seja por isso que gosta tanto de mim e eu dele. Somos muito parecidos. Adoro-o, como pessoa e treinador.”

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