Operação Pretoriano: Defesas de Fernando e Sandra Madureira pedem absolvição

As defesas de Fernando e Sandra Madureira pediram hoje a absolvição de todos os crimes de que são acusados no âmbito da Operação Pretoriano e criticaram a ação do Ministério Público (MP) ao longo de todo o processo.

Em alegações finais no Tribunal de São João Novo, no Porto, o advogado do ex-líder da claque portista Super Dragões, Gonçalo Cerejeira Namora, reiterou que a acusação não agiu com o intuito da “procura e busca da verdade”.

“O trabalho do MP não é conseguir condenações ou andar a defender teses peregrinas. O seu dever é a procura e busca da verdade e não foi isso que vimos aqui. Desde a escolha das testemunhas às perguntas realizadas, mostrou total desconhecimento para perceber realidades sociológicas distintas”, referiu, depois de o MP ter pedido penas de prisão efetiva superiores a cinco anos para Fernando e Sandra Madureira, para além de outros quatro arguidos.

O representante legal de Fernando Madureira garantiu que nunca existiu uma planificação prévia dos desacatos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto de novembro de 2023, sustentando que os próprios membros da Mesa só souberam da alteração do local da reunião magna no próprio dia.

“Não existe nenhuma evidência de que tenha existido algum plano prévio. Não é nenhum crime apoiar um candidato ou fazer campanha, mas o MP estigmatizou quem apoiava Pinto da Costa e classificando-os de criminoso”, defendeu, lembrando também que várias testemunhas arroladas pela acusação estigmatizaram elementos dos Super Dragões como sendo de “baixo estrato social, mal educados e mal vestidos”.

Criticou ainda o que considerou ter sido o sensacionalismo da comunicação social na cobertura do julgamento.

“Selecionaram o que quiseram para tornar o Fernando Madureira num alvo a abater. A comunicação social, nomeadamente a sensacionalista, conseguiu apenas exponenciar uma narrativa para alimentar uma novela. Alimentaram uma audiência de ódio. Os jornalistas, desde as redações ao trabalho de campo, não honraram os seus compromissos”, avaliou.

O advogado associou o processo a André Villas-Boas, dizendo que o atual presidente do FC Porto é o único grande beneficiário da acusação do MP, e voltou a referir que a revisão estatutária, caso aprovada, não beneficiaria em nada o seu representado ou a direção então em funções, presidida por Jorge Nuno Pinto da Costa.

“O MP escolheu para testemunhas grupo dos amigos e conhecidos a pedido da lista opositora [de André Villas-Boas]. O primo de um atual vice-presidente do FC Porto [João Begonha Borges] foi o principal angariador das testemunhas, isso demonstra as limitações da acusação”, concluiu.

Ainda antes, haviam decorrido as alegações de Sandra Madureira, com o seu representante, Miguel Marques Oliveira, a criticar o facto de se tratar de uma acusação em coautoria e com enquadramento em fenómeno desportivo, algo de que discorda por ser uma AG de “direito privado”.

O causídico argumentou que a acusação se baseia em suposições e não em factos, afirmando que a sua representada “nunca teve qualquer envolvimento direto ou indireto” na preparação dos desacatos na reunião magna.

Durante a parte da tarde, também intervieram os advogados de Henrique Ramos, assistente no processo e de Vítor ‘Catão’, com as alegações a prosseguirem na terça-feira.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.

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