Num país banhado pelo mar e bafejado por diversos tipos de ondas, algumas de classe mundial, em que região ou praia nascem os melhores surfistas nacionais? No fundo, em que “pico” reside a meca do surf nacional?
Para responder a esta questão, no próximo dia 15 de agosto, Ribeira D’Ilhas, na Ericeira, Mafra, acolhe a primeira edição do Local Legends, o “maior campeonato de surf em equipa realizado em Portugal”, descreve a organização.
A competição, a realizar-se num só dia, inspira-se na rivalidade saudável entre surfistas dos diferentes “picos” do país.
Junta, nesta 1.ª edição, sete regiões e praias, Porto, Peniche, Santa Cruz, Ericeira, Cascais, Costa da Caparica e Algarve e um wildcard (Brasil). Ao todo, oito equipas composta por cinco surfistas – capitão, grom, master, atleta feminina e amador -, no total de 40 atletas em prova.
A inclusão do Brasil suscita curiosidade e João Barros explica a razão à Sportinforma.
“A nossa ideia é, desde o início, celebrar a cultura surf em Portugal. Sempre tivemos atletas brasileiros, luso-brasileiros (nas competições nacionais) e se recuarmos às etapas juniores, quando o Tiago Pires ainda era um júnior, competia contra o Pedro Henriques (naturalizado português e detentor de um título de campeão nacional de surf)”, recorda.
“A dualidade Portugal-Brasil sempre existiu e achámos que o Brasil devia ser um convidado, uma zona convidada, um wildcard, para fazer parte do nosso arraial surfista”, adianta. “Quisemos convidá-los e inseri-los por também fazerem parte das nossas praias e da nossa cultura”, realça João Barros, porta-voz do Local Legends.
Um capitão, uma mulher, um júnior, um master e um amador
Cada uma das equipas tem um respetivo capitão. O veterano João Guedes (Porto), atualmente surfista de ondas grandes, Guilherme Fonseca (Peniche), tuberider, Francisco Cruz (Santa Cruz), campeã nacional Master, Henrique Pyrrait (Ericeira), campeão da Taça de Portugal, João Kopke (Cascais), produtor de conteúdos, Martim Paulino (Costa da Caparica), campeão nacional júnior, Francisco Canelas (Algarve), veterano, e o brasileiro Halley Batista (Brasil), a capitanear a equipa composta por luso-brasileiros residentes em Portugal.
Para além do capitão, na composição das equipas “há a obrigatoriedade de uma mulher, um júnior, um master e um amador”, explica, nomes a serem apresentados em breve.
“É fazer de um dia aquilo que acontece diariamente na praia, estar na água com atletas mais velhos, mais novos, amadores, profissionais, homens e mulheres e ser um belo arraial surfista para celebrarmos aquilo que é a nossa cultura e o nosso desporto”, avança.
“Quando chamamos amadores, significa que queremos trazer surfistas locais que nunca tenham enveredado por uma carreira profissional, na Liga MEO ou WSL e que nunca competiram. Entram na categoria dos amigos”, especifica.
O vencedor será determinado por eliminatórias, com base na pontuação obtida pela melhor onda de cada atleta, num esquema de estafeta dentro de água.
Mais praias e regiões. Prova itinerante no horizonte
A primeira edição junta oito regiões (sete praias), mas o propósito é alargar. “O nosso objetivo é, ao longo das próximas edições, inserir cada vez mais “picos””, sublinha João Barros. “Açores, Madeira, Aveiro, partir o Algarve, porque temos Portimão, Sagres, Arrifana e ser cada vez ser mais inclusivo”, continua.
Este ano, e para o próximo, Ribeira D’Ilhas servirá de tira-teimas para apurar a região que produz os melhores surfistas nacionais. No entanto, num horizonte próximo, a organização quer abraçar a volta ao litoral de Portugal. “O grande objetivo é ir passeando pelo país e celebrar a cultura”, frisa.
Apresentado por Joaquim Chaves (campeão nacional 2023) e com o apoio do Ericeira Surf Clube e da Câmara Municipal de Mafra (CMM), a edição inaugural do Local Legends terá um prize-money de 2,500 euros.