Liga Mundial de Surf retirou bandeira de Israel das provas que organiza. Surfista Ido Arkin é israelita e “escolheu”, este ano, as cores portuguesas para competir no circuito regional europeu da WSL. Surpreendida, a Federação Portuguesa de Surf vai questionar a World Surf League.
No lote dos nove surfistas inscritos e a competir com a bandeira portuguesa nos quadros de competição do Boardmasters Open, segunda etapa do Qualifying Series (QS2000), circuito regional europeu 2025/2026 da World Surf League (Liga Mundial de Surf), um nome despertou a atenção da Federação Portuguesa de Surf (FPS).
Ido Arkin, 22 anos, apresenta-se em Fistral Beach, Newquay, Inglaterra, como surfista “português”, e não israelita, a sua nacionalidade. Já o tinha feito no arranque da temporada no Caraibos Lacanau Pro, na Grande Plage, no sudoeste francês.
Ora, sucede que o surfista natural de Tel Aviv competiu desde 2017, no European Júnior Tour e no Qualifying Series, como atleta de Israel, – tendo alterado a “nacionalidade” este ano.
Inclusive, no mesmo local onde entrou ontem (e entra hoje) na água como “português”, celebrou há duas épocas a inédita subida ao pódio de um surfista israelita na etapa inglesa do QS, na Cornualha.
A peculiar situação não passou despercebida à Federação Portuguesa de Surf, “apanhada de surpresa”, uma vez que Ido Arkin não está inscrito na federação, disse fonte da FPS ao SAPO DESPORTO.
Por esta razão, a estrutura que gere o surf português “irá questionar a WSL” da razão e legitimidade do uso da bandeira de Portugal por parte de Arkin e em que moldes foi autorizado a fazê-lo.
A questão ganha redobrada importância devido ao atual contexto politico que envolve Israel e a Palestina. O conflito tem repercussões na participação dos surfistas israelitas em função das regras impostas pelas organizações, no caso concreto, a World Surf League, nas competições que tutelam, tendo a Liga Mundial de Surf retirado a bandeira de Israel no site da WSL nos eventos atuais e anteriores em que competiram.
Bandeira “Mundo”
Ido Arkin, trocou de bandeira, mas não é caso único quando se trata de competir nas provas da WSL. Uri Uziel representou Israel no El Salvador ISA World Junior Surfing, em 2022 e no ISA Surfing Games 2023, em El Salvador – , mas esta temporada surge com a cor azul-celeste da argentina nas competições da Liga Mundial de Surf (QS em Lacanau), organização com sede na Califórnia, EUA.
Contudo, apesar do uso de insígnia patriótica diferente do local de nacionalidade, a norma nas provas da Liga Mundial de Surf tem sido a atribuição aos surfistas israelitas da bandeira “World”, norma aplicada, desde 2022, para os atletas da Rússia.
É o caso de Anat Lelior, olímpica por Israel nos Jogos Olímpicos de Tóquio2020 e Paris2024, entrou no Ballito Pro, etapa sul-africana do circuito Challenger Series, debaixo da classificação “World” (mundo). Antes, no Pro Taghazout Bay, etapa do Qualifying Series, em Marrocos, – a bandeira de Israel já tinha desaparecido no site da WSL na prova em que perdeu na meia final para a portuguesa Francisca Veselko.
A mesma bandeira “Mundo” foi abraçada pela irmã, Noa Lelior, no arranque da temporada (QS2000 de Lacanau) e é desta forma que Oriyan Shemer, Ido Hagag, Dan Ivry, Siam Nikritin (eliminado na Cornualha na ronda inaugural) e Ilay Bochan estão em Fistral Beach, Newquay.
As regras do ISA e do Eurosurf
Esta política da WSL não é, contudo, seguida por outras organizações.
A Federação Europeia de Surf adotou regra diferente. No Eurosurf, Campeonato Europeu de surf e longboard que se realizou em Santa Cruz, Torres Vedras, Israel esteve representada por três surfistas masculinos, três femininos (entre elas, Noa Lelior) e um longboarder.
O país e um surfista, Yonatan Amir, esteve presente no Mundial ISA de Longboard, realizado em maio, em El Salvador, competição sob a égide da Associação Internacional de Surf (ISA), organização que, baniu, em 2022, atletas russos das provas que organiza.