A maldição dos 100 ME: Estes 10 jogadores custaram uma fortuna mas ‘floparam’ nos seus clubes

A Liga Inglesa continua a dominar o mercado de transferências. O poder financeiro dos 20 clubes da Premier League dá-lhes capacidade para contratar os melhores jogadores do Mundo. Muitas das contratações são feitas por valores astronómicos, inflacionados, porque também quem vende sabe que há poder aquisitivo do outro lado, logo, o preço pedido é sempre acima do valor de mercado.

No entanto, nem todos os investimentos avultados tiveram resultado em campo. Numa semana em que se falou na possibilidade da Premier League bater o seu recorde de transferências no mercado de verão, fomos analisar o percurso dos jogadores transferidos por 100 milhões de euros ou mais em todo o mundo.

Até hoje foram 18 os futebolistas vendidos por 100 milhões de euros ou mais na história do futebol, sendo que muitos deles acabaram por não justificar o investimento. Foram os casos de João Félix, Neymar, Phellipe Coutinho, Jack Grealish, Antoine Griezmann, craques que ‘floparam’ nos seus novos clubes.

A Liga Inglesa e a Liga Espanhola dominam esta lista. O Barcelona aparece mais do que uma vez.

FOTOS: 10 jogadores que custaram mais de 100 ME mas ‘floparam’

Neymar Jr.: 222 milhões de euros (Do Barcelona para o Paris-Saint Germain, 2017)

No verão de 2017, o Paris Saint-Germain fez o que parecia impensável: perguntou ao Barcelona em que condições podia ter Neymar, os ‘culés’ disseram, ‘nenhumas’. Então Nasser Al-Khelaïfi, presidente do Paris Saint-Germain, pegou num cheque, escreveu 222 milhões de euros e depositou o mesmo na LaLiga, que depois transferiu o dinheiro para a conta do Barcelona.

Os franceses tinham batido a cláusula de rescisão do craque brasileiro para atacar a Liga dos Campeões, no mesmo ano em receberam Mbappé, por empréstimo do Mónaco.

Dos seis anos que passou em Paris, só por uma vez Neymar fez 30 jogos numa temporada (31 em 2020/21). Sairia em 2023/24 para a Arábia Saudita, após seis anos de problemas extracampo, lesões e sem a tão desejada Champions. Em campo, era assobiado pelos próprios adeptos do PSG.

Ousmane Dembélé: 140 milhões de euros (Do Borussia Dortmund para o Barcelona, 2017)

Assim que perdeu Neymar para o PSG, o Barcelona aproveitou boa parte do cheque de 222 milhões de euros para contratar Ousmane Dembélé ao Borussia Dortmund, por 140 milhões de euros. Nova loucura.

O extremo francês começou tímido em campo, tal como é na sua vida privada (23 jogos, quatro golos, sete assistências), explodiu finalmente na época seguinte (42 jogos, 14 golos e oito assistências) para cair nas épocas seguintes.

A verdade é que Dembélé nunca conseguiu integrar-se no Barcelona. A sua vida fora do relvado (relatos de que ficava a jogar videojogos até tarde, dormia pouco e chegava quase sempre atrasado aos treinos) também não ajudou a sua adaptação, assim como as muitas lesões musculares. O PSG aproveitou uma brecha no seu contrato que baixava a sua cláusula de rescisão para 50 milhões de euros até 31 de julho para o resgatar.

Philippe Coutinho: 135 milhões de euros (Do Liverpool para o Barcelona, 2018)

Já não bastava a loucura de ter dado 140 milhões euros por Dembélé, o Barcelona repetiu a dose na época seguinte, ao tirar Philippe Coutinho do Liverpool, a troco de 135 milhões de euros. O peso dos milhões pagos por ele, assim como a pressão de jogar num clube como o Barcelona impediram Coutinho de brilhar na Catalunha, apesar de ter feito 54 jogos (11 golos, quatro assistências) em 2018/19.

Quando foi emprestado ao Bayern Munique e depois ao Aston Villa, parecia que tinha encontrado a alegria de jogar: nos bávaros venceu mesmo a Liga dos Campeões em 2020, numa caminhada onde ajudou a trucidar o Barcelona com um 8-2 no Camp Nou, tendo marcado dois golos. Deixaria o Barcelona a custo zero, cinco anos depois, sem nunca ter estado perto de justificar os 135 milhões de euros.

Joao Félix: 127,2 milhões de euros (Do Benfica para o Atlético de Madrid, 2019)

Peça crucial na fantástica recuperação do Benfica rumo título português em 2018/2019, João Félix ‘explodiu’ com Bruno Lage em menos de meia época. Com o mundo ao seus pés, o destino seria improvável, pelos valores mas também pelo seu estilo de jogo que iria entrar em confronto com as ideias do treinador Diego Simeone. 127,2 milhões foi quanto os colchoneros gastaram na sua transferência.

Lesões, problemas com o treinador e vida longe dos relvados encurtaram a sua estadia no Metropolitano. Três épocas e meia depois (nunca marcou mais de 10 golos numa temporada desde que saiu do Benfica), e após seis meses emprestado ao Barcelona e outros seis meses ao Chelsea, os espanhóis venderam o prodígio português ao Chelsea em 2014/25. Duraria seis meses em Stamford Bridge, antes de novo empréstimo de meia época, ao AC Milan. Seria vendido esta época pelo Chelsea ao Al Nassr da Arábia Saudita. E ainda só tem 25 anos.

Todos os treinadores que trabalharam com ele – Diego Simeone, Xavi Hernandez, Sérgio Conceição, Enzo Maresca, Graham Potter – queixam-se do mesmo: é preciso dar mais. O talento está lá, o trabalho… é outra conversa.

Eden Hazard: 120,8 milhões de euros (Do Chelsea para o Real Madrid, 2019)

Para mostrar que 2019 foi um ano atípico em Espanha, vamos a mais uma transferência megalómana que acabou por não resultar. Eden Hazard era o ‘feiticeiro’ que espalhava magia em Inglateerra, no Chelsea, e estrela maior da seleção belga, onde abundava talentos. O Real Madrid não quis ficar atrás dos rivais Barcelona e Atlético Madrid e convenceu o Chelsea a libertar a sua estrela, a troco de 120 milhões de euros.

Nas quatro épocas no Bernabéu, nunca fez mais de 23 jogos numa temporada e quatro foi o máximo de golos, apontados na época 2020/21. Incompatibilizou-se com os treinadores, perdeu a forma física, raramente ia para o banco. Era mais um craque ‘enterrado’ no ‘cemitério’ merengue, tantos foram os jogadores que por lá passaram e não tiveram sucesso.

Sairia ao fim de 76 jogos em quatro épocas (sete golos e dez assistências) para anunciar depois o fim da carreira, aos 32 anos.

Antoine Griezmann: 120 milhões de euros (Do Atlético de Madrid para o Barcelona, 2019)

Nas ‘loucuras’ dos 100 milhões, ninguém perdeu tanto a cabeça como o Barcelona. No final da época 2018/2019, a 5.ª de Griezmann no Atlético Madrid, o gigante catalão não foi de modas e ‘apostou’ 120 milhões de euros no avançado francês, na mesma época da chegada de Félix aos ‘colchoneros’.

Griezmann até marcou 35 golos e fez 14 assistências em duas épocas, mas não chegava. Longe dos números que apresentou no Atlético (25 golos ou mais em cada uma das cinco épocas, excepto na 5.ª onde marcou 21), Griezmann falhou, já que nas duas épocas no Camp Nou, viu La Liga ser conquistada pelo Real Madrid e pelo seu Atlético Madrid. E Champions… nem ve-lo. Nunca conseguiu entender-se com Messi.

Regressaria ao Atlétcio Madrid, primeiro por empréstimo dos ‘culés’, depois em definitivo, onde se encontra até agora.

Jack Grealish: 117,5 milhões de euros (Do Aston Villa para o Manchester City, 2021)

Jack Grealish continua a ostentar a ‘coroa’ de transferência mais cara de sempre entre clubes ingleses. Depois de brilhar no Villa Park, o Manchester City não teve problemas em investir 117,5 milhões de euros no extremo que joga com meias descaídas e caneleira à mostra. Pep Guardiola tinha perdido a contração de Harry Kane, mas ganhava um extremo poderoso. No entanto, o ‘bad boy’ de Birmingham nunca mostrou verdadeiramente o seu valor no Etihad.

Ao fim de quatro temporadas e 17 golos, saiu emprestado para o Everton, agora em agosto, aos 29 anos. Em 2022/23 ainda chegou a dar um ar da sua graça, com 12 assistências e cinco golos em 50 jogos, numa época em que o City conquistou a tão desejada Liga dos Campeões. Mas nas outras épocas passou a maior parte do tempo na enfermaria, com problemas musculares. Em Inglaterra era mais notícia pela sua vida fora de campo.

Romelu Lukaku: 113 milhões de euros (do Inter Milão para o Chelsea, 2021)

O ‘tanque’ belga de 32 anos é um dos jogadores que mais dinheiro movimentou no futebol: 369,22 milhões de euros em transferências, desde que deixou o Anderlecht, com 18 anos para ingressar no Chelsea, pelas mãos de… André Villas-Boas.

Em 2021, após duas grandes épocas no Inter Milão, onde chegou por 74 ME proveniente do Manchester United, o Chelsea resgatou o seu antigo avançado, pagando 113 milhões de euros pelo seu passe, depois de o vender por 35,36 ME ao Everton, que por sua vez vendeu-o por 84,70 ME ao Manchester United.

Duraria uma época nos Blues, mais tempo no banco que a titular, após problemas com Antonio Conte. Não foi de estranhar que só tivesse marcado 15 golos em 2021/22. O Chelsea emprestou ao Inter, depois a AS Roma, e mais tarde ao Nápoles, que acabaria por comprar o seu passe por 30 milhões de euros, mais 15 milhões de euros em variáveis. Nos napolitanos reencontrou a alegria de jogar e marcar, tendo ajudado o clube a sagrar-se campeão italiano na época 2024/25.

Paul Pogba: 105 milhões de euros (Da Juventus para o Manchester United, 2016)

A história de Pogba é um pouco parecida com a de… Lukaku. Com alguns anos de formação nos ‘Red Devils’, saiu com 18 anos, a custo zero, para a Juventus em Em 2011/12, após a primeira época na equipa principal inglesa. O Manchester United haveria de o resgatar por 105 milhões de euros, lá longe em 2016, no final do Euro que perdeu com a sua França em pleno coração de Paris para… Portugal.

A estrela da Juventus e da seleção gaulesa chegou para ajudar a levantar um United que definhava após a saída de Alex Ferguson. Mourinho era o homem do leme, mas a sua relação com Pogba não foi a mais desejada. O técnico chegou a repreender o jogador publicamente, mas também nalguns treinos. Apesar de tudo, brilhou na época 2018/2019, com 16 golos e 11 assistências em 47 jogos, numa temporada em que Ole Gunnar Solskjaer substituiu Mourinho a meio da época.

Sairia novamente a custo zero em 2022/23… para a Juventus. Está agora no Mónaco, após cumprir um largo período de suspensão, por doping.

Gareth Bale: 101 milhões de euros (do Tottenham para o Real Madrid, 2013)

Gareth Bale é o último nesta lista, e só entra aqui pela forma como saiu do Real Madrid. Em 2013, o gigante da capital espanhola fez dele a transferência mais cara do Mundo, ao pagar 101 milhões de euros ao Tottenham. Vinha de três épocas fantásticas nos ‘spurs0, clube onde passou seis anos. A velocidade, o remate, a potência dos livres de pé esquerdo, faziam do extremo galês um adversário difícil de parar.

As primeiras três épocas no Bernabéu até que foram boas. Bale fez 22 golos e 17 assistências na época de estreia (44 jogos) em 2013/14, 17 golos e 12 assistências (48 jogos) em 2014/15 e 19 golos e 12 assistências (31 jogos) em 2015/16.

Mas depois caiu de produção, entrou em conflito com Zidane e em Espanha só se falava da sua vida em Madrid, do que fazia do golfe o seu desporto favorito e nunca sobre o seu futebol. A forma como se comportava no banco, onde parecia não querer nada com ninguém nem com o jogo fazia manchetes.

Em termos de troféus, enriqueceu o palmarés (cinco Champions, três Mundiais de Clubes, três LaLiga, uma Supertaça Espanhola, duas Supetaças Europeias), mas nunca chegou a ser a estrela que os adeptos merengues esperavam dele. Em sete épocas, marcou 106 golos em 258 jogos. Pelo meio, ainda foi emprestado uma época ao Tottenham em 2020/21 (16 golos, três assistências em 34 jogos). Terminou a carreira após meia época no Los Angeles FC, onde se sagrou campeão da MLS.

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