A União Ciclista Internacional (UCI) lamentou esta segunda-feira o apoio dado pelo Governo espanhol aos protestos pró-Palestina que levaram ao cancelamento da 21.ª e última etapa da Volta a Espanha, prevista para terminar em Madrid.
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“Lamentamos que o primeiro-ministro espanhol e o seu governo tenham apoiado ações tomadas durante uma competição desportiva que poderiam prejudicar o seu bom desenrolar e, em alguns casos, tenham manifestado a sua admiração pelos protestos”, referiu a UCI em comunicado, considerando que a posição de Espanha está “em total contradição com os valores olímpicos, respeito mútuo e paz”.
O organismo alertou ainda que esta situação pode colocar em causa “a capacidade de Espanha para acolher grandes eventos desportivos internacionais”.
No domingo, milhares de manifestantes pró-Palestina invadiram o circuito final em Madrid e bloquearam o pelotão a 56 quilómetros da meta, em protesto contra a presença da equipa Israel-Premier Tech. O incidente resultou em 22 polícias feridos e duas detenções por desordem pública, levando ao cancelamento da etapa e das cerimónias de pódio.
Dessa forma, João Almeida (UAE Emirates) ficou impedido de celebrar oficialmente o segundo lugar na classificação geral, igualando o feito histórico de Joaquim Agostinho, vice na Vuelta de 1974. O triunfo coube a Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike).
Apesar do reforço policial — o maior dispositivo de segurança de sempre num evento desportivo em Madrid —, as autoridades não conseguiram travar os manifestantes. A edição de 2025 da Vuelta ficou assim marcada por sucessivos imprevistos: uma etapa cancelada, outra sem vencedor, uma meta improvisada e o desfecho caótico na capital espanhola.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reiterou hoje a sua posição, mantendo-se firme nas declarações: “Sentimos imenso respeito e profunda admiração por uma sociedade civil espanhola que se mobiliza contra a injustiça e defende as suas convicções pacificamente”.
A ofensiva israelita em Gaza, em resposta ao ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023, já provocou mais de 64.600 mortos no território. Israel nega acusações de genocídio e de usar a fome como arma de guerra, apesar de a ONU ter declarado, em agosto, uma situação de fome no norte do enclave, pela primeira vez no Médio Oriente.