Bruno Lage foi, pela segunda vez em pouco mais de cinco anos, despedido do comando técnico do Benfica, vítima das más exibições e de alguns resultados menos conseguidos, saindo assim do cargo com a época em andamento. É o confirmar de uma tendência que se tem verificado para os lados da Luz nos últimos dez anos.
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Efetivamente, desde o final da primeira passagem de Jorge Jesus pelo leme do Benfica, quando em 2015 o técnico terminou o contrato com as águias (ao fim de seis temporadas completas) e rumou ao Sporting, todos os homens que a seguir ocuparam o cargo de treinador principal do Benfica (incluindo o próprio Jesus) acabaram por sair com a época a decorrer. Mesmo tendo quase todos eles, oferecido pelo menos um título de campeão às águias (a exceção foi mesmo Jorge Jesus na segunda passagem pela Luz).
Rui Vitória (junho de 2015-janeiro de 2019)
A seguir ao reinado de seis temporadas de Jorge jesus (entre 2009 e 2015), e com a polémica ida de JJ para o comando técnico do Sporting, Luís Filipe Vieira, então presidente do Benfica, apostou em Rui Vitória (que tinha dado cartas como treinador do V.Guimarães e ganhado até uma final da Taça ao Benfica) para assumir o leme das águias.
E, depois de uns primeiros jogos menos conseguidos, que levantaram desconfianças (entre eles uma derrota caseira por 3-0 frente ao Sporting…de Jesus), os resultados apareceram. O Benfica foi campeão nas duas primeiras temporadas sob as ordens de Rui Vitória, logrando assim o primeiro tetracampeonato da sua história.
Mas na época seguinte as coisas não correram bem. O Benfica partia como grande favorito, rumo ao penta, mas os encarnados viram o FC Porto, de Sérgio Conceição, ser campeão e só na última jornada garantiram o segundo lugar, à frente do Sporting. Rui Vitória terminou a época, mas já alvo de contestação por parte dos adeptos. Ainda iniciou a seguinte, de 18/19, mas foi demitido à 16.ª jornada, depois de uma derrota em Portimão.
Bruno Lage (janeiro de 2019-junho de 2020)
Para o lugar de Rui Vitória entrou Bruno Lage, que até aí orientava a equipa B. Lage pegou na equipa com sete pontos de desvantagem em relação ao FC Porto, mas com 18 vitórias e um empate até ao final do campeonato virou por completo a tabela classificativa, oferecendo o 37.º título de campeão da história ao Benfica.
Só que, na temporada seguinte, o percurso foi inverso. Numa temporada de 2019/20 marcada pela COVID-19, o Benfica, sob as ordens de Lage, entrou com tudo e a meio da temporada levava sete pontos de avanço sobre o FC Porto. Mas a vantagem foi-se perdendo e desapareceu por completo após o retomar da competição depois da paragem ditada pela pandemia. Lage, que pelo meio até tinha renovado contrato com o Benfica, foi despedido à 29.ª jornada, depois de uma derrota por 2-0 com o Marítimo, tendo Nélson Veríssimo, que orientava a equipa B, assumido interinamente o cargo de treinador principal.
Jorge Jesus (agosto de 2020-dezembro de 2021)
Veríssimo fez a transição entre Lage e…Jorge Jesus, que depois de fazer as pazes com Luís Filipe Vieira (e de brilhar ao leme do Flamengo), regressou à Luz. Mas longe de alcançar os resultados da primeira passagem.
A temporada de 20/21, ainda muito marcada pela COVID-19, terminou com o Sporting campeão e o Benfica de Jorge Jesus a não ir além do terceiro lugar, apesar de um investimento de cerca de 100 milhões de euros em jogadores (Waldschmidt, Pedrinho, Darwin ou Everton) e de um início promissor no campeonato (ofuscado por uma eliminação prematura na Liga dos Campeões).
Promissor foi também o arranque da temporada seguinte, 21/22, ainda com Jesus ao leme. Mas aos poucos os resultados foram desaparecendo, a contestação por parte dos adeptos foi crescendo e uma derrota por 3-0 frente ao FC Porto para a Taça, a dois dias do Natal, foi a gota de água. Jesus foi despedido antes da 16.ª jornada, com Nelson Veríssimo a ser novamente chamado para orientar, interinamente, a equipa.
Roger Schmidt (junho de 2022-agosto de 2024)
Uma vez mais, terminada a época Veríssimo entregou o lugar, desta feita a um treinador estrangeiro: o alemão Roger Schmidt foi a aposta do agora presidente Rui Costa. E os primeiros tempos do Benfica de Schmidt na temporada 22/23 foram demolidores, com 12 vitórias e um empate nas 13 primeiras jornadas a valerem uma vantagem confortável no topo. A vantagem foi-se perdendo, houve quem começasse a levantar o sobrolho, mas o título não fugiu e as águias festejaram mesmo o seu 38.º título de campeão da história (e último até à data).
A temporada de 23/24 este longe de ser igual. Os resultados não foram os mesmos, a contestação a Schmidt (a quem Rui Costa ofereceu um novo contrato pelo meio) cresceu, mas o técnico resistiu até final da temporada, apesar de terminara a 10 pontos do campeão Sporting. E, perante muitas justificações de Rui Costa aos sócios, Schmidt até ainda começou como treinador em 24/25. Mas estava na corda bamba e sabia-se que ao mínimo deslize o seu reinado terminaria. Terminou à quarta jornada, com um empate no terreno do Moreirense.
Bruno Lage (agosto de 2024- setembro de 2025)
Para suceder ao alemão, Rui Costa apostou no regresso de Lage, que na apresentação fez questão de lembrar o amargo com que tinha ficado aquando da sua saída na primeira passagem pelo leme das águias.
Os primeiros resultados entusiasmaram e o Benfica lutou com o Sporting até ao fim pelo camp0eonato e pela Taça. Mas perdeu ambos os troféus para o rival, com alguns deslizes que trouxeram contestação por parte dos adeptos, adeptos esses que já tinham ficado de pé atrás aquando do seu regresso.
Tal como com Schmidt, Rui Costa optou por iniciar novamente a época com um treinador com pouca margem de manobra. E Lage acaba agora novamente despedido, após a 5.ª jornada e depois de uma dura derrota com o Qarabag, para a Liga dos Campeões.
Catorze treinadores diferentes desde o ano 2000
Recuando mais no tempo, até ao virar do século, vemos que desde o ano 2000 (ou seja, nos últimos 25 anos) o Benfica passou por 20 mudanças no comando técnico.
Ao todo, 14 homens orientaram a equipa principal do encarnados nesse período (seja por um período mais curto ou por um período mais longo).
Para além de Bruno Lage, Jorge Jesus e Nelson Veríssimo (este como treinador interino em ambas as ocasiões), também José António Camacho e Chalana (também este interinamente) tiveram duas passagens. Pelo leme das águias passaram ainda, no último quarto de século, José Mourinho (que estará agora prestes a regressar), Toni, Jesualdo Ferreira, Giovanni Trapattoni, Ronald Koeman, Fernando Santos, Quique Flores, Rui Vitória e Roger Schmidt.